sábado, 30 de outubro de 2010

Voz de sereia

Ouvi a sua bela voz de sereia
Ecoar na longínqua atmosfera.
E era apenas o que eu ouvia.
A saudade daqueles tempos,
Também tão distantes,
Em que vivíamos felizes,
Bateu tão amarga que me assustou
Pelo contraste com a paz da lembrança
Da tua voz.
Letes, rio do esquecimento,
Emerja tuas águas e afogue-me de vez.
Para que lembranças de dias antes tão alegres
Não tornem-se motivos de auto-flagelo
E angústia.
O mesmo sorriso de outrora
Não pode transformar-se em maldição.
Ou antes que tudo acabe, Deus,
Transforme-me em corvo
Para que eu caminhe serenamente
Na escuridão.
Quando erguerem-se alguns véus,
E voltar atrás tornar-se impossível,
Eu entenderei de uma vez por todas
Que depois de ouvir a tua bela voz,
Abençoada pelas águas,
As seqüelas deixadas pela tua presença
Na minha vida, nas minhas lembranças,
Não mais, nunca mais, desaparecerão.
Nem que eu fuja para o mais remoto
Dos submundos da terra,
Nem que eu fuja
Para a mais elevada das atmosferas.

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