Ela se contorcia violentamente na cama, abraçando seus próprios joelhos, lacrimejando. Fechava-se em seu próprio universo, extenso e escuro, e parecia transbordar... pesadamente no ar.
Queria conhecer os mistérios da vida, da morte, da Antiguidade, do azar e da sorte. Naquele momento ela não sabia nem quem era ela mesma. Seus mistérios e seu universo estavam inexplorados até mesmo para ela. Até então, só havia despertado os seus demônios, mas não aprendeu a lidar com eles.
Ela andava lendo alguns livros de auto-ajuda e se interessava por espiritualidade. Mas fracassou. Aquela jovem moça, antes mesmo de analisar a si própria e trilhar um caminho de auto-conhecimento (como ensinam nos livros que ela lê), afundou-se numa depressão tão profunda que ela não conseguiu nem ir até o fim. E essa foi a sua sorte.
Mas não era assim que ela pensava, debruçou-se na cama, como se quisesse alcançar o chão e mergulhar nele (assim como fez na depressão). Ficou com os braços balançando pra lá e pra cá e pensou que não mais, nunca mais, conseguiria levantar-se dali, chamou-se de fracassada por não ter conseguido nem se matar e acabar com tudo aquilo. E chorou mais.
Ela chegou a soluçar de tal forma que acabou perdendo o ar, sentou-se... depois deitou de barriga para cima e fitou o teto por um longo tempo. Até que suspirou e passou a pensar em esoterismo, dualidade divina, opostos que se complementam... Olhava aquele teto branco e lembrou-se da tarja preta. Ah! Se os antidepressivos me fizessem voar! Ela queria ser livre. Só isso.
Pensou... pensou... e aconteceu um daqueles estalos - daqueles que parecem coisa de filme - e questionou-se sobre o porquê chorava. Estava em um estado deplorável por algo tão abstrato e relativo, almejado e temido, tão próximo e, ao mesmo tempo, tão distante. O que é a liberdade afinal?
Ela pensava e ela sabia, mas estava tão deprimida que o "clarão", que teria sido tão útil se ela lhe tivesse dado atenção, foi automaticamente rejeitado, acabou passando despercebido.
Como eu disse, ela se trancava em seu universo. Não por egocentrismo nem nada do tipo, era justamente a grandeza do mundo que a assustava tanto, essa grandeza a oprimia. Ela matutava sobre esse universo infinito, em que as pessoas no mundo estão tão próximas. Cada ação e cada reação. Ela se assustava mas queria abraçar o infinito.
Era assim que as dúvidas ficavam maiores que qualquer coisa, até mesmo que o mundo, o universo... a depressão. Até mesmo maiores que a sua própria personificação de Deus.
Todos os seus pensamentos se voltavam para a filosofia, a sociologia e a metafísica. Algo de fora para dentro e não o contrário, percebe? E aquilo tudo pareceu grande demais para ela (pois ela não é o Messias).
E sua vida passou em flashes na cama do hospital, onde ela se recupera da overdose de calmantes. E ela quase sorriu e sentiu que poderia fazer mais do que fez até então, e que aquele quarto de hospital é muito pequeno para ela. E que...
Ela pensa demais.
7 comentários:
Corinne! adoro as coisas que escreve! vou te favoritar aqui.
beijoo
Obrigada, Eve! Apareça mais vezes. =)
Bjo
Posso deixar além da prosa uma propaganda?! Bom, vamos lá!
É sempre bom descobrir um parceiro de "escrivinhações"! Principalmente quando se descobre através da própria obra. Lembro que uma vez você me disse, nos balcões da escuta, que tinha seus escritos, mas só agora tomo contato com eles. É sempre um processo abrir as nossas gavetas, pelo menos para mim - no meu caso é um processo que ainda está em andamento... Bem, lá vem a propaganda, espero poder trocar mais textos e leituras com você, mantenho um blog com o Bogado (não sei se você o conheceu), é o www.literaturacotidiana.com.br e, se você permitir, acrescentarei o seu blog aos nossos parceiros, pois gostei de seu texto, ok?! Até, Paulo Laubé - Cabelo
Olá, Laubé! Muito obrigada pela visita. Conheço o seu blog com o Bogado e gosto das coisas que vocês escrevem. Fique à vontade para linkar o blog! Bjo
Um sonho.
Como um sonho pode se tornar real? se fazer real? Nosos pensamentos as vezes são tão distantes que se perdem em qualquer mundo por ai...
Mas mesmo estão emm outros mundo, esse aqui, o mundo coletivo pede por você, volte nele as vezes...
Volte e permaneça nesse mundo, mas nãos em poesia e não sem alegria, olhares e pensamentos...
Overdoses multiplas de sentimentos reais e com pessoas reais.
As vezes volte.
Preciso ler mais você.
Oi Lí, tudo bom? =)
Confesso que fiquei emocionada com o seu comentário. Muitíssimo obrigada pelo carinho e por suas palavras.
Postarei em breve. :***
Que bom que vai postar :)
estamos esperando.
Besos.
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