terça-feira, 13 de abril de 2010

Asas















Asas douradas que estavam abertas,
Assustando aquela platéia
(ávida por demonstrações passivas
de espetáculo exibicionista),
Fecharam-se bruscamente.
Nem a mais competente das artistas
Expressaria tão bem o efeito dramático
Que as asas fizeram,
Ao serem subjulgadas pelo patrulhamento intenso
Exercido por aquele público contraditório,
Que queria ver as asas erguidas para domina-las
E coloca-las num circo.
Quando não conseguiam explora-las completamente,
Sem perguntar-lhes a vontade,
Simplesmente alguns davam as costas
E outros ficavam para exigir violentamente
Pela continuidade daquele triste show;
Decepcionados, esbravejando por suas
Vontades insaciadas,
Insatisfeitos, briguentos,
Sem consideração por ninguém nem por nada;
Sugavam todas as suas forças.
Transformaram-nas no espetáculo
Que eles mesmos improvisaram.
E quem sentiu a tristeza instalar-se,
Vendo insultada toda a dignidade
Ao perceber naquela cena
Toda a apropriação de si mesmas
E a injustiça disfarçada de atração,
Exercida por aquele público opressor que exigia
Mais do que elas poderiam ou queriam oferecer;
Foram aquelas que nada puderam dizer
Ao verem açoitadas suas asas,
Muito belas, porém machucadas.

2 comentários:

Anônimo disse...

Incrível a sensação que você consegue transmitir logo nas primeiras linhas. As asas se fechando, oprimidas....
Intenso significado...!

Carina Prates disse...

Obrigada, Anônimo! Volte sempre! =]

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